20/10/2010

Retraso na idade de reforma: fracasso para todos

Jorge Calero, catedrático de Economia Aplicada. Artigo tirado de aqui e traduzido por nós.


Olhamos estes dias o estudantado de Secundária, na França, manifestar-se contra do retraso da idade de reforma (jubilaçom). Resulta evidente que cada pessoa que nom se reforme bloqueia um posto de trabalho susceptível de ser ocupado por um jovem. No caso espanhol, cada ano de retraso na idade de reforma supom (segundo dados da EPA) uns 80.000 postos de trabalho nom disponíveis para os jovens, supondo que nengum dos postos de trabalho desaparecera no caso de reformar-se o ocupante. Parece, pois, que estám justificados os protestos dos jovens perante as reformas. Porém, para além dos interesses de grupos especíicos, como a populaçom mais jovem, como é que podemos valorar o efeito do retraso da idade de reforma sobre o conjunto da economia?

Para contestar a essa pergunta é mister ter em conta umha das funçons chave das aposentadorias de reforma. Destarte, de ter umha clara funçom redistributiva, tanto intergeracional como entre pessoas com e sem ingresos no mercado, as pensons de reforma contribuem para a renovaçom do capital humano. Especialmente, num contexto de inovaçom acelerada, que require cada vez umha melhor dotaçom de capital humano, as aposentadorias facilitam que entrem no mercado de trabalho moços cuja achega à produtividade é, potencialmente, maior. Desde esse ponto de vista, retrasar a idade de reforma é umha áncora para a produtividade e, portanto, às possibilidades de crescimento.

O argumento mais utilizado à hora de justificar o retraso na idade de reforma consiste em que o incremento da taxa de dependência (relaçom entre trabalhadores e reformados) fará eventualmente insustentável o sistema. Porém em tal argumento nom se tem suficientemente em conta o papel fulcral que joga a produtividade: a capacidade de pagar as aposentadorias depende da quantidade de trabalhadores que cotizam à Segurança Social, mas também de quanto produce cada um desses trabalhadores.

Nesse sentido, a prolongaçom da vida laboral é um fracasso e umha involuçom. Opta-se, com a medida, pola via de alongar no tempo o esforço de cada trabalhador em lugar de por melhorar a produtividade. À vez que se introduzem bloqueios adicionais à entrada de novo capital humano, elemento que devera ser chave no nosso modelo de crescimento.

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