07/10/2010

MÉNDEZ FERRÍN VAI APRENDER DE BIQUEIRA

José Paz Rodríguez. Artigo tirado de aqui.

José Paz Rodríguez
A Académia Galega da rua corunhesa das Tabernas vem de receber a doaçom dum importante legado do grande pensador, filósofo e professor galeguista Joam Vicente Biqueira. Baixo os bons ofícios de Beiras Torrado, a família encabeçada por Luisa Biqueira, do que tambem fora um excelente psicólogo, formado na ILE de Giner e Cossío, teve a bem fazer entrega recentemente à biblioteca da RAG de importantes documentos. Estes foram recolhidos polo actual presidente da entidade Méndez Ferrín. O que, entre outras cousas, comentou durante a recepçom o interessante que seria contar com o maior número de legados possíveis, pois já tem os de Murguia (um dos criadores da entidade), parte de Rosália de Castro, dos precursores, das Irmandades da Fala e dos grandes políticos galeguistas. Sinalou ao referir-se à entidade que preside que 'aquí há pantasmas que clamam a presença de outros pantasmas'. E, acertadamente, que Biqueira formava parte da história 'corunhesa, liberal e laica', ademais de fundamentar um nacionalismo coerente e racional.

Quando eu lim no nosso La Región do 28 de setembro esta notícia levei-me uma grande alegria. E de imediato pensei que bom seria agora que, nos poucos tempos livres que a Ferrín lhe permita o cárrego, nos que nom tenha que sair na foto, se ponha a ler os formosos escritos de Biqueira para aprender algo, ou para reflectir com cordura. E, de passo, tambem aqueles que existam na mesma biblioteca que tem ao lado do seu escritório, do próprio Murguia, de Pondal, de Tettamancy, de Risco, de Vilar Ponte, de Otero Pedraio e de Castelao. Especialmente aqueles que se referem à nossa língua e nos que defendem para a mesma uma escrita etimológica e nom foneticista, que nos integre no mundo lingüístico lusófono ao que pertence o nosso idioma. Ia dizer que tambem podia ler, de passo, os textos de Carvalho Calero relacionados com este tema, que som muitos e muito acertados. Mas, comentar isto é uma grande temeridade pola minha parte, pois som muitos os galegos que sabem do 'aprécio' que Ferrín tem por Don Ricardo. Do que chegou a dizer que para celebrar as Letras Galegas há vinte pessoas antes na Galiza com mais méritos. E ficou tam pancho, a pesares de que foi Carvalho quem o apoiou para ser professor no colégio lucense de Fingoi. E quem lhe dirigiu no seu dia a sua tese de doutoramento.

O anti-lusismo de Ferrín é tam enfermiço e furibundo que provoca nele, quando toca o tema, comentários tam sectários, tam injustos, tam imorais e tam desacertados, que terminam por serem ridículos e provocadores do sorriso. O mínimo que lhe pedimos os que nom compartilhamos desde há muito tempo os seus postulados lingüísticos é um respeito. As ideias devem ser defendidas de forma civilizada e sem insultar. Se fazemos o contrário podemos cair em posturas de talibaes e fundamentalistas. Que ele, especialmente em política, por prática, conhece muito bem ao largo da sua vida. Eu gostaria que, agora que é presidente duma entidade tam importante, fosse mais objectivo, comedido e respeituoso com os que discrepam. Por bem da entidade seria bom ter um dirigente mais flexível de pensamento, menos rencoroso e mais humano, porque a verdade absoluta nom a tem ninguêm. O que tampouco é fácil, por ter ao seu lado uma guárdia pretoriana tambem muito anti-lusista (algum em particular mais que ele próprio). Integrada por académicos como Ramón Lorenzo, Manolo González, Alonso Montero, Rosário Álvarez, Dario Cabana, Ferro Ruibal, Salvador G. Bodaño, Santamarina, Torres Queiruga e Margarita (sic) Ledo. Os que nom incluo na listagem considero que tampouco som proclives ao reintegracionismo lingüístico, mas polo menos actuam com mais respeito para os que sim o defendemos. Como ademais de Carvalho, o defendia claramente Biqueira. Do que Ferrín podia ler o seu formoso livro Ensaios e Poesias, e do mesmo aqueles que levam por título : 'O galego na escola' (1917), 'Pola reforma da ortografia' (1918), 'A nossa língua' (1918), 'Pola reforma ortográfica' (1919) e 'Pola pureza lingüística' (1920). Todo o que escreveu Biqueira, mesmo poesia, nom tem desperdício. Ademais cumpria perfeitamente com o que Vilar Ponte dizia : 'O galego que nom ama Portugal, nom pode amar a Galiza'. Outro dia escreverei sobre Ferrín como escritor, pois eu gosto imenso da sua obra, embora ser um celoso e talibám defensor da norma isolacionista e foneticista, imposta à força no seu dia. Curiosamente Ferrín é o primeiro que, por nom sabé-la bem, tampouco a cumpre nos seus escritos. Mas a mim isso nom me preocupa, pois gosto muito de todos os seus livros e foi para mim um prazer te-los lido. Uma cousa nom tem a ver com a outra.

2 comentários:

Anônimo disse...

Di-se que já nom se trabalha o rural, e o que se trabalha nom se trabalha coma antes pero em verdade creio que aínda na Galiza há muitas pero que muitas "Cabeçadas". Ferrín leva umha de-las.

AFP disse...

xD Boíssimo.